mais um café gelado, por favor
"devaneios soltos)
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
sobre continuidades
https://soundcloud.com/dr-dog/dr-dog-shadow-people
(aqui uma trilha nostágica para acompanhar a leitura)
Começos de ano possuem o incrível poder de me fazer refletir.
Não, nada relacionado com os fogos de artifício, as sete bregas ondas puladas (ou não) no mar,
as uvas, a imitação de champanhe que nos mela a roupa ou a maresia de sempre no cabelo.
Talvez algo ligado aos velhos amigos, aos abraços familiares e a nostalgia de mais uma etapa
que se acaba inevitavelmente inciando outra.
Sempre penso nas coisas que conquistei nesses passados 365 dias e tão que logo que isso me vem a cabeça
lembro da Mallu: "mas afinal não ganhei nada".
Continuo roendo as unhas e morrendo de ansiedade por coisas sempre tão pequenas.
Continuo usando roupas e caras amassadas definitivamente desapegada de qualquer instinto feminino.
Continuo ouvindo as mesmas músicas, as mesmas bandas, amando os mesmo filmes desde a adolescência.
A fatura do cartão continua a me amedrontar bem como repteis peçonhentos.
Continuo com essa vontade de viajar o tempo todo, de arriscar, de tentar o novo, de mudar.
Continuo achando o mundo inofensivo e aí a veia pisciana/sonhadora/dramática continua pulsando
isoladamente dentro de mim, agora com um coração expondo descaradamente essa característica.
Apesar dos continuismos, muito de novo surgiu:
Aprendi a adorar a ficar sozinha e fazer coisas comigo mesma.
Aprendi a fazer sushi invertido.
Conheci pessoas fantásticas e com certeza cada uma delas me deixou um pouco de sua essência.
Carimbei meu passaporte e conheci o castelo do Harry Potter.
Fiz planos indescritíveis e agora, nessa manhã de segunda-feira cinza com a velha expressão de
noite mal dormida, eu torço com todas as minhas forças, pra que eles deem certo.
Se nada der certo, espero apenas a continuidade:
que eu continue acreditando. Em tudo. Mesmo!
que eu continue abstraindo essas tantas coisas que me irritam profundamente, principalmente
a negatividade alheia.
que eu continue gastando meu suado dinheiro em coisas que valham a pena.
que eu dê mais orgulho para meus pais e mais amor para meu namorado.
que eu continue escrevendo nesse blog velho e empoeirado quando bater a vontade,
que eu leve mais esse ano na suavidade, na malandragem, pra que na segunda-feira 400 dias a frente
o balanço seja mais positivo,
ou no mínimo,
o mesmo.
I don't care.
que eu continue,
feliz.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
e se,
E se tivéssemos a certeza absoluta de que o mundo acabaria daqui exatos 15 dias?
Que fazer?
Pr'onde correr?
Correr?
Que falar?
Que sentir?
Sentir a sensação de que aqueles seriam os últimos momentos. As últimas oportunidade pr'aquilo que sempre sonhamos. Fazer. Ter. Ser.
Começaria botando tudo pra fora. Lágrimas provavelmente seriam as primeiras. Depois o amor. Por minha família, por meu homem, por meus cães, amigos, por mim mesma.
Poria a alma pra fora. E quem sabe esta também seria a chance de expelir aquilo que deve ser o Eu de verdade, afinal, esta é uma coisa que morre conosco - o eu mesmo. O eu em situações de extremo: conflito, medo, ansiedade, alegria, plenitude.
Em seguida daria início às comemorações - se é que isso possa ser possível, afinal, se realmente tivéssemos certeza o mundo estaria tomado de uma anarquia apavorante. Provaria das cousas mais estranhas e até antes abomináveis: cuscuz, dobradinha, joelho de porco, caviar. Beberia dos alcoólicos mais diversos afim de manter o clima de festa e o churrasco aconteceria todos os dias.
Abraçaria a todos. Abraçaria os inimigos. Tomaria um banho de mar sem roupa. Um banho de cachoeira também. Andaria descalça por todos os cantos e tatuaria ao máximo meu corpo para morrer com a pele marcada pela arte.
Lamentaria não ter aproveitado meu tempo ocioso nas obras que sempre protelei em ler e pelos filmes que sempre desejei ver. Perdoem-me os muitos clássicos que ficarão para a próxima vida.
Tentaria embarcar em um voo para a Europa e, feliz, passearia pela charmosa Paris, doce Amsterdã, rígida Alemanha, caliente Madri, sonho de Londres, e por fim, encomendaria uma micro lua de mel pela Itália.
Quando de volta, buscaria pelo ponto mais puro de minha cidade, e satisfeita - talvez um pouco resignada - agradeceria veemente ao ser superior por ter sido sinceramente feliz. Por ter dado e recebido amor, por ter sido e ter tido amigos e,
simplesmente, pela vida que acabou, mas que um dia, quiçá, há de recomeçar.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
22:34 do pessimismo
Tão característico seria aplicar esse tempo a um diário, mas ora, tão egoísta escrever um diário, não?
Quando passamos mais tempo sozinhos que o de costume, temos de aprender a lidar e aceitar tantos quantos pensamentos nos poluem a cabeça. E mais que isso, aprendemos a fazer avaliações sobre muitas coisas da vida - daqui, já não sei dizer o quão válido isso possa parecer.
De tudo, me pergunto: será mesmo que ESTOU feliz? - Digo estou, porque alguém muito especial ensinou-me a gritante diferença entre ser, e estar, aplicando efetivamente o simples verbo na vida real.
Voltando a pergunta, reluto em adiar a resposta, que insistentemente teima aparecer caligrafada em seis letras: não sei.
Calma, nem tudo está perdido. Lembro que o tempo comigo mesma e o silêncio oferta muitas oportunidades para refletir e pontuar...
os porquês...
A falta de dinheiro, a falta de oportunidades, um azar irritante (porque não) frustração, desânimo. Por que será? Logo eu, que fui sempre tão feliz. Às vezes a vida dá solavancos. Até doenças entristecem, e até estas vem por um tempo me perseguindo. Mas é também um sentir-se tão substituível. E é aqui que dorzinha cutuca.
O não saber, desde quando nem até onde. Só perceber, que ela vem, e vai.
Ao sentir meu cão roncar sob meus pés, reparei que apesar de tudo ainda existe sorte. Sorte de a lua minguante já estar passando. Sorte de o fim de semana estar mais próximo e com ele, a promessa de amigos, distrações. Sorte ter mãe 24 horas por dia para dividir cafés e o que quer que seja.
Sorte, essa coisa de a vida ter pequenos momentos que nos lembrem que talvez sim, sejamos felizes apesar de tudo, apesar da tristeza melancólica de querer chorar em comerciais, porque afinal de contas, realização profissional, estar gorda, sentir-se inútil e carência afetiva não são o fim do mundo....
pelo menos, não podem ser!
segunda-feira, 16 de julho de 2012
de: Martha Medeiros
CONSTRUÇÃO
Gosto demais do Fabricio Carpinejar, de quem tenho o privilégio de ser amiga. E é para prestigiá-lo que abro essa crônica com uma citação extraída da ótima entrevista que eledeu para a revista Joyce Pascowitch: “O início da paixão é estratosférico, as pessoas não param quietas exibindo tudo que podem fazer. Depois passam a confessar o que realmente querem. A paixão é mentir tudo o que você não é. O amor é começar a dizer a verdade”.
É mais ou menos isso. No começo, a sedução é despudorada, inclui, não diria mentiras, mas um esforço de conquista, uma demonstração quase acrobática de entusiasmo, necessidade de estar sempre junto, de falarem-se várias vezes por dia, de transar dia sim, outro também. A paixão nos aparta da realidade, é um período em que criamos um universo paralelo, é uma festa a dois em que, lógico, há sustos, brigas, desacordos, mas tudo na tentativa de se preparar para algo muito maior. O amor.
É aí que a cobra fuma. A paixão é para todos, o amor é para poucos.
Paixão é estágio, amor é profissionalização. Paixão é para ser sentida; o amor, além de ser sentido, precisa ser pensado. Por isso tem menos prestígio que a paixão, pois parece burocrático, um sentimento adulto demais, e quem quer deixar de ser adolescente?
A paixão não dura, só o amor pode ser eterno. Claro que alguns casais conseguem atingir o Éden – amarem-se apaixonadamente a vida inteira, sem distinção das duas “eras” sentimentais. Mas, para a maioria, chega o momento em que o êxtase dá lugar a uma relação mais calma, menos tórrida, quando as fantasias são substituídas pela realidade: afinal, o que se construiu durante aquele frenesi do início? Uma estrutura sólida ou um castelo de areia?
Quando a paixão e o sexo perdem a intensidade é que aparecem os pilares que sustentam a história – caso existam. O que alicerça de fato um relacionamento são as afinidades (não podem ser raras), as visões de mundo (não podem ser radicalmente opostas), a cumplicidade (o entendimento tem que ser quase telepático), a parceria (dois solitários não formam um casal), a alegria do compartilhamento (um não pode ser o inferno do outro), a admiração mútua (críticas não podem ser mais frequentes que elogios), e principalmente, a amizade (sem boas conversas, não há futuro). Compatibilidade plena é delírio, não existe, mas o amor requer ao menos uns 65% de consistência, senão o castelo vem abaixo.
O grande desafio dos casais é quando começa a migração do namoro para algo mais perene, que não precisa ser oficializado ou ter a obrigação de durar para sempre, mas que não pode continuar sendofrágil. Claro que todos querem se apaixonar, não há momento da vida mais vibrante. Mas que as “mentirinhas” sedutoras do início tenham a sorte de evoluir até se transformarem em verdades inabaláveis.
Publicado no jornal Zero Hora
Caderno Donna, 10/06/12, p. 30
quinta-feira, 14 de junho de 2012
23
Hoje, quando li seu e-mail que dizia que és muito sortuda por ter encontrado uma melhor amiga tão simples e divertida como eu, logo pensei: Oras, sortuda sou eu, afinal jamais encontrarei alguém tão peculiar como você. E mais: para conhecer a história de alguém tão bem quanto conheço a tua, precisarei de, no mínimo, quinze anos.
É teu aniversário amiga. Hoje celebras os 23, e eu "finalmente completarei os meus" (desculpem leitores, isto é uma piada interna, dasantiga.) Quis reunir algumas lembranças, e não existiria ocasião melhor para relembrar nossas cartas, como eu havia prometida há um tempo atrás.
'belas e comportadas no auge dos 14' |
quarta-feira, 13 de junho de 2012
declaração #2
Não é porque me conquistasse do jeito mais bonito que nenhum outro jamais teria feito.
Não é porque concordamos em relação à música, cinema, literatura, política, cachorro e no jeito bom de viver.
Não é apenas porque esquentas meus pés, aguenta minhas manias de falar como criança, porque me levaste ao show do Los Hermanos ou porque preparas a melhor pipoca do mundo.
E porque... é porque é amor -
É porque eu respiro esse sentimento desde a hora em que acordo até a hora em que vou me deitar. Desde o abrir até o fechar dos olhos.
É porque sou feliz como nunca, e tranquila.
É porque apesar de todos os traumas conseguiste resgatar meu sentir, meu entregar, minha pieguice (muito perceptível aqui) e meu sonhar.
É porque quero ter nossa casa com varanda, cachorro pela grama e um dia filhos no sofá.
É porque quero passar a teu lado tantos quantos aniversários merecermos.
É porque quero que tenhas por mim esse sentimento lindo até o fim de nossos dias, e que sei que por mim,
assim será.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
declaração #1
Lembro como se tivesse acontecido há apenas dois dias, não há quase 365. Estávamos passando por uma fase complicada; uma tal de insegurança que impedia qualquer aproximação. Permitia apenas trocas de sms com pequenas declarações subliminares, troca de olhares altamente envergonhados, abraços que não queriam terminar, e uma ansiedade (que pelo menos para mim) parecia querer matar.
As cenas da tão esperada noite me aparecem ainda muito nítidas. Todos muito felizes, muitos amigos, muito álcool, muita pizza. Já não conseguia sentar em outro lugar, que não, a seu lado. Já não conseguia disfarçar aquele carinho pulsante, mesmo assim, em certo momento, fugi.
Fizemos de conta que nada era nada, e seguimos noite adentro naquele sábado frio de um quase junho no alto da serra canoas. Músicas ao redor da fogueira, pessoas se espremendo em poucas cadeiras, e por volta das 05h, cobertas merecidamente distribuídas. "Vamos dividir?".
Deixamos a festa muito mais confiantes, decididos, felizes de morrer (e viver), e de lá, chegamos ao sofá com vista para o Banco Bradesco que depois daquela noite, abrigou tantas noites e dias e tardes de carinho.
Logo após o relógio da igreja indicar que as seis já haviam chegado, finalmente e felizmente, conheci teu beijo,
exatamente quando teu toca discos tocava All you need is love.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
preguiça,
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
me curte?
Não me lembro exatamente como eram os relacionamentos interpessoais há uns cinco, seis anos. Não sei dizer exatamente tudo o que mudou neles, mas uma coisa lembro bem: éramos pessoas muito mais tranqüilas. E acredito que o fato de as pessoas hoje em dia estarem tão neuróticas na hora de lidar com os outros é a internet. Sim, a internet, que deixa essa gente tão ansiosa e sedenta por atenção.
Quando comecei a usar esta ferramenta não existia twitter, nem facebook, nem Messenger. Nos contentávamos, inocentemente, com ferramentas como Irc, que serviam de entretenimento. Porém, isso em grande parte dos casos acontecia somente depois da meia-noite, afinal nenhum dos meus amigos era rico para pagar o valor absurdo dos pulsos e suas mães não queriam o telefone de casa ocupado o dia inteiro para que sua cria trocasse bobagem com os amigos na internet.
Com a facilidade do acesso acho que algumas coisas tornaram-se um tanto quanto estranhas. Veja bem, quando a navegação era limitada o contato das pessoas era real. Nos ligávamos, trocávamos cartas e discos, marcávamos encontros e comparecíamos. As relações eram reais. Hoje, me pego rindo sozinha quando vejo a importância que as pessoas dão para as relações virtuais. Criam e perdem "amigos" como nunca. Perdem a personalidade, a confiança e o sono. Precisam ser correspondidas com urgência nessa interatividade vazia e passam do dia apertando F5 pra que isso aconteça. Se não acontecer... a frustração é homérica! Enquanto isso, os amigos em potêncial que deveriam ter correspondido deixam de tornar-se interessantes tão rápido quanto a média de vídeos enviados para o youtube por minuto.
‘Se ninguém curtir meu link no facebook corto os pulsos... Se você não responder minha mensagem no Msn é porque não gostas mais de mim... Se não citares meu nome na timeline junto com o das outras pessoas dou piti até virar do avesso.’
Oi gente? Não é através dos bites que você vai construir uma amizade, um namoro, ou qualquer que seja o relacionamento. Isto é muito pouco para criar laços. Sem hipocrisia, também passo grande parte do meu dia em frente ao computador e das redes sociais, mas acho que sei lidar de uma forma saudável com isso. Meu único protesto com isso tudo é que valorizemos um pouco mais aquilo que realmente tem valor, afinal, um Alô bem feliz, um abraço bem apertado, um encontro com os amigos, um bilhete escrito à mão, um sorriso visto nos olhos... estas são coisas que realmente não tem preço.
né? :)
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
perder,
Em um período de apenas dois meses acho que aprendi algumas coisas sobre o verbo ‘perder’. Coisa que trafegava distante de meu cotidiano hoje se faz tão presente que vejo por todos os lados... na casa – no momento inabitável -, no sono que não vem, na saudade que não passa, na preocupação que me faz comer o canto das unhas e dedos, no futuro que, por pouco, assusta.
Perdi tudo que existia dentro de minha residência. Aquele canto que me alentava, que guardava minhas memórias, meus livros, minhas fotos, meus CDs valiosos deixados de herança e milhões de coisinhas mimosas que fazem parte do meu passado foi levado pela água e tomado pela lama. Hoje, completamente vazia, está ocupada por um nada que não lodo, pó e sujeira.
Já não tem mais cozinha, não tem mais sala, não tem mais banheiro, já não tem tanta paz.
Em meio a toda esta destruição poderia estar desesperada, inconsolável, desanimada, não fosse pelo fato de que há pouco aprendi o que é perder aquilo que realmente tem valor. E essa dor não se iguala(!).
Eu via minha avó por todos os cantos daquela casa. Na cozinha me preparando guloseimas, na sala xingando a televisão, na rua regando as plantas ou em qualquer outro cômodo para o qual me locomovesse. Sei que depois de toda essa ‘lama e caos’ a casa não será mais a mesma. Felizmente temos forças e condições suficientes para nos reerguer. As coisas, são apenas coisas. O que foi perdido pode ser novamente comprado. Menos, a presença dela. E mesmo que toda mobília seja renovada, que toda a casa seja reformada, tenha as paredes pintadas e esteja novamente perfumada, ela, ainda vai estar lá.
No domingo enquanto retirava a lama do chão e paredes, lembrava que naquele exato dia comemorarias 70 aninhos, e se toda esta ‘grande perda’ não tivesse se instalado entre nós, felizes, comemoraríamos.