domingo, 17 de outubro de 2010


"(...) mas a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver."


...

De que me adianta, a idade que chegou, formação acadêmica, emprego bom, dinheiro no bolso?
Do que adianta as coisas, as conquistas, as centenas de livros lidos, muito conhecimento adquirido, mais novas orações aprendidas?
De que adianta se dizer madura, entendida, ter muitas experiências e perrengues vividos?
Escrever muito sobre tudo e no fim não chegar a lugar nenhum - não dizer nada.
No final das contas, na hora que a coisa aperta, surge a insegurança, o não-saber-de-nada o medo que não larga a insônia que não passa a imaturidade de sentimento que não sara.
ocoraçãonabocavaimedevorar.
Inquieta, os dedos e a cabeça não conseguem acalmar.

chovia,

Lá fora a chuva cai desde o início da noite. Fria, sozinha, silenciosa.
Aqui dentro, tudo o que não existe é o silêncio. A tv transmite debates(intrigas) políticos. Ao lado da cama, o cachorro rói um antigo rascunho de papel. No computador, 1979 toca baixinho de forma que chegue simplesmte ao coração - este que há tempos não está (como todo o resto) em silêncio.
Ele pulsa, por vezes forte até demais - aquece todo o corpo e contorce a barriga. Ele tenta, incansávelmente respostas para algumas coisas. Por vezes, sofre. Por vezes, canta sorridente e esperançoso.
Mas na maioria das vezes questiona.
Como eu, tornou-se uma interrogação.
Assim, aguarda, silencioso como a chuva, por explicações. Por soluções, por amparo, encontro.
Encontrar-se.
Em seu lugar, em seu destino, em seu pertencimento.