quarta-feira, 14 de setembro de 2011

perder,

Em um período de apenas dois meses acho que aprendi algumas coisas sobre o verbo ‘perder’. Coisa que trafegava distante de meu cotidiano hoje se faz tão presente que vejo por todos os lados... na casa – no momento inabitável -, no sono que não vem, na saudade que não passa, na preocupação que me faz comer o canto das unhas e dedos, no futuro que, por pouco, assusta.

Perdi tudo que existia dentro de minha residência. Aquele canto que me alentava, que guardava minhas memórias, meus livros, minhas fotos, meus CDs valiosos deixados de herança e milhões de coisinhas mimosas que fazem parte do meu passado foi levado pela água e tomado pela lama. Hoje, completamente vazia, está ocupada por um nada que não lodo, pó e sujeira.

Já não tem mais cozinha, não tem mais sala, não tem mais banheiro, já não tem tanta paz.

Em meio a toda esta destruição poderia estar desesperada, inconsolável, desanimada, não fosse pelo fato de que há pouco aprendi o que é perder aquilo que realmente tem valor. E essa dor não se iguala(!).

Eu via minha avó por todos os cantos daquela casa. Na cozinha me preparando guloseimas, na sala xingando a televisão, na rua regando as plantas ou em qualquer outro cômodo para o qual me locomovesse. Sei que depois de toda essa ‘lama e caos’ a casa não será mais a mesma. Felizmente temos forças e condições suficientes para nos reerguer. As coisas, são apenas coisas. O que foi perdido pode ser novamente comprado. Menos, a presença dela. E mesmo que toda mobília seja renovada, que toda a casa seja reformada, tenha as paredes pintadas e esteja novamente perfumada, ela, ainda vai estar lá.


No domingo enquanto retirava a lama do chão e paredes, lembrava que naquele exato dia comemorarias 70 aninhos, e se toda esta ‘grande perda’ não tivesse se instalado entre nós, felizes, comemoraríamos.