quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

e se,


E se tivéssemos a certeza absoluta de que o mundo acabaria daqui exatos 15 dias?
Que fazer?
Pr'onde correr?
Correr?
Que falar?
Que sentir?
Sentir a sensação de que aqueles seriam os últimos momentos. As últimas oportunidade pr'aquilo que sempre sonhamos. Fazer. Ter. Ser.
Começaria botando tudo pra fora. Lágrimas provavelmente seriam as primeiras. Depois o amor. Por minha família, por meu homem, por meus cães, amigos, por mim mesma.
Poria a alma pra fora. E quem sabe esta também seria a chance de expelir aquilo que deve ser o Eu de verdade, afinal, esta é uma coisa que morre conosco - o eu mesmo. O eu em situações de extremo: conflito, medo, ansiedade, alegria, plenitude.
Em seguida daria início às comemorações - se é que isso possa ser possível, afinal, se realmente tivéssemos certeza o mundo estaria tomado de uma anarquia apavorante. Provaria das cousas mais estranhas e até antes abomináveis: cuscuz, dobradinha, joelho de porco, caviar. Beberia dos alcoólicos mais diversos afim de manter o clima de festa e o churrasco aconteceria todos os dias.
Abraçaria a todos. Abraçaria os inimigos. Tomaria um banho de mar sem roupa. Um banho de cachoeira também. Andaria descalça por todos os cantos e tatuaria ao máximo meu corpo para morrer com a pele marcada pela arte.
Lamentaria não ter aproveitado meu tempo ocioso nas obras que sempre protelei em ler e pelos filmes que sempre desejei ver. Perdoem-me os muitos clássicos que ficarão para a próxima vida.
Tentaria embarcar em um voo para a Europa e, feliz, passearia pela charmosa Paris, doce Amsterdã, rígida Alemanha, caliente Madri, sonho de Londres, e por fim, encomendaria uma micro lua de mel pela Itália.
Quando de volta, buscaria pelo ponto mais puro de minha cidade, e satisfeita - talvez um pouco resignada - agradeceria veemente ao ser superior por ter sido sinceramente feliz. Por ter dado e recebido amor, por ter sido e ter tido amigos e,
simplesmente, pela vida que acabou, mas que um dia, quiçá, há de recomeçar.

Um comentário:

Anônimo disse...

E se o mundo não acabasse? Se nos comprometessemos com o fim? O que faríamos?
E se ele já tivesse acabado muito antes? Ao menos parte dele... Não seria o final uma mera resignação?
E se houvesse múltiplos universos com inúmeras possibilidades de fins e recomeços? E se quiséssemos que todos se condensassem em um único?
Na realidade é disso que precisamos... De finais felizes que nós mesmos escolhemos... Sem as infinitas variáveis que transformam sonhos em desejos de que tudo tivesse sido muito diferente, tanto no espaço quanto no tempo...