domingo, 29 de março de 2009

- Digno de Aplauso

No meio de uma tarde terrívelmente quente, e recheada de borrachudos vindos do gramado, assisti o filme Romance, de Guel Arrares, que tornou meu domingo mais bonito.
Há muito tempo eu não assistia um filme que me tocava dessa forma. O roteiro é super bem escrito, a trilha sonora é fantástica e a fotografia... bem, nem se fala.
O filme é temperado com diálogos misturados com teatro e frases intrigrantes, que marcam mesmo. Coisas do tipo "as pessoas por quem nos apaixonamos, sempre são um invenção" ou "Eu sou expectadora da representação do meu próprio sentimento ...".
Sem contar o elenco que foi muito bem escolhido. Wagner Moura tem se mostrado um grande ator, que inclusive, faz a gente sofrer com a dor dele no decorrer do filme. Taaadiiiinhooo!
Apoiando o cinema brasileiro, eu indico Romance.






Aqui a trilha linda de morrer de Caetano Veloso, com algumas imagens do Filme: http://www.youtube.com/watch?v=0D-x4bJiEY0

sexta-feira, 27 de março de 2009

- Sentimental

Sabe que sempre ouvi falar naquela coisa de "alma de artista".
Acho que a minha veio nesse formato. Alma que ama, e sofre,
ai como sofre por amor. Mas é sofrimento por qualquer coisa,
é coisa do tipo, o mundo desaba e muita tempestade em copo d'água.
É muita nostalgia pra um corpo só, e é muita saudade, mas muita
saudade mesmo pra um só coração!
Aaaaiiii caramba, como eu sou piegas! Será que esse mal tem cura?!
Não sei amar pouco, não sei sentir pela metade, não sei lidar com
a distância, não sei como não me apaixonar por aquilo que me faz bem,
é como pedir café pequeno, é como tomar banho de dois minutos..
não tem como, ou melhor, não sei como.
Meu coração tem asas e quer voar, mas precisa de compania.




E tem outra "eu só aceito a condição de ter você só pra mim"

terça-feira, 24 de março de 2009

- Muito amor

Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá. Insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. E então fico querendo não trair a beleza. Com você sinto a fidelidade de ser tranquila. Um pacto de paz com o mundo. Pra não me afastar de você quando estou longe. E é impossível então que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E é impossível que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, é amor. É amor. Ainda que eu quisesse, não consigo mais nem um centímetro pra você. Desculpa. O amor é terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. É como tomar água morna depois de ter engolido um filtro inteiro de água geladinha. Ninguém nem pensa nisso. Muito amor. De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E é orgânico dentro da gente ainda que vendo de fora não pareça caber. O corpo dá um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mãe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso são os trocos que você guarda pra emergência. Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu não aguentar a vida. É o açúcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. E as almofadas de várias cores pra me dizer que pode dar certo. É o desespero aconchegante.

[de Tati Bernadi]

segunda-feira, 23 de março de 2009

tic-tac

Estou no meio de uma aula de editoração com o braço e os olhos latejando,
de tantas horas que já disperdicei na frente do computador hoje.
Que medo de contrair LER. Aposto que você já ouviu falar nisso;
Lesão por esforço repetitivo. Isso me lembra rotina. Aliás, me lembra muito!
Fico realmente lesada às vezes com a rotina. Todo santo dia a mesma coisa.
Quer dizer, as coisas não são as mesmas, mas o formato sim.
Na última aula de editoração aprendemos a fazer monstagens, e quando vi,
eu tinha criado uma imagem minha na frente do Louvre!
Ai jesuisinho, quem me dera. Eu quero fugir um poooooouquinhoooo!!!
E olha que nem precisa ser pro louvre não.
O porque de tudo isso. Li no fotolog de uma amiga hoje:
"Oh céus, oh vida. Preciso dar um tempinho..."
Não preciso nem dizer que a identificação foi cem.por.cento!
Pra piorar a saudade bate no peito e sinto que o que pode dar
um jeito na situation é deitar naquele ombrinho que sabe me confortar.
Mas aí vem toda aquela coisa da espera de novo.
O ombrinho tá longe, looonge,
E parece que quanto mais a gente espera, mais demora.
Jesus... me chicoteia!

quarta-feira, 18 de março de 2009

- cinza

“Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.”

O meu maior defeito talvez seja esse. Esperar por coisas que eu sei que não chegam nunca.
E toda vez quebrar a cara. E toda vez ficar mal-humorada. E toda vez ficar assim,
me prometendo que não irei mais esperar pela tal ligação, não vou mais esperar a boa
notícia, não mais esperar que a noite chegue agradabilíssima, porque eu sei que não vai.
Mas no fundo, no fundinho; eu sei que o meu coração vai esperar,
que o pobre coitado é bobo, é inocente e me faz sentir assim, mulherzinha.
que não cansa de se enganar, ainda que soubesse!

segunda-feira, 16 de março de 2009

- Agora na versão 2.0

Engraçado é o modo como a vida da gente segue rumos que jamais passaram pela nossa cabeça. Engraçado o tempo que teima em voar e vez-em-quando prega peças e surpresas do tipo: “tchan tchan tchan tchan – hoje você está fazendo vinte aninhos?”
- Como assim, eu não tinha feito desessete anteontem?!
Pobre de mim, cá estou me sentindo desesperada por ter atravessado meu segundo século de vida sem saber ao certo o que vou fazer dela, o que vai ser do meu futuro e aflita por pensar que é só viver mais o mesmo tanto que já vivi até agora e já estarei nos 40 (s-o-c-o-r-r-o!).
Mas como tudo tem seu lado bom, o legal disso tudo é a quantidade de coisas boas que tenho pra contar, a infinidade de lembranças maravilhosas, os amores, as quedas que me fizeram levantar, as brigas que me fizeram crescer, todos os expectativas furadas, todas as conquistas, todas as espinhas, as grandes desilusões, tudo que serviu pra formar esse Abigail de hoje que consegue contar a idade juntando os dez dedinhos da mão + os dez dedinhos do pé.
A coisa toda é como já disse Nando Reis em certa canção “é bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer.. É bom olhar pra frente, é bom e nunca é igual , olhar, beijar e ouvir, cantar um novo dia nascendo, é bom e é tão diferente...”
É tão diferente. Diferente do que era há 3 anos atrás, há 9, há 15. E que terrível seria se fosse tudo sempre tão igual. Bom é mudar, inovar, quebrar a cara de vez em quando e de vez em quando se dar bem.
Que bom é ter vintão, e que bom seria se continuasse nos vinte pra sempre.. mas como sabemos que não é assim, que venham os quarenta!



Agora, em 2.0

domingo, 15 de março de 2009

- para recomeçar.

E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros,
que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias,
que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos
com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado.
Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje
e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores,
e posteriores, e posteriores ainda.

[De Caio Fernando Abreu, 1973]