quarta-feira, 22 de agosto de 2012

22:34 do pessimismo

Sempre tive vontade de escrever alguma coisa que tocasse alguém de alguma forma. Como Tati Bernardi atinge as meninas de 16, ou como Freud nos enlouquece nos 18, ou como nos acalmamos por demasia quando conhecemos o livro da nossa vida. Reconheci finalmente que, jamais conseguirei, afinal, todos os dias sinto uma vontade louca de escrever, mas o assunto é sempre mesmice da vida real.
Tão característico seria aplicar esse tempo a um diário, mas ora, tão egoísta escrever um diário, não?

Quando passamos mais tempo sozinhos que o de costume, temos de aprender a lidar e aceitar tantos quantos pensamentos nos poluem a cabeça. E mais que isso, aprendemos a fazer avaliações sobre muitas coisas da vida - daqui, já não sei dizer o quão válido isso possa parecer.
De tudo, me pergunto: será mesmo que ESTOU feliz? - Digo estou, porque alguém muito especial ensinou-me a gritante diferença entre ser, e estar, aplicando efetivamente o simples verbo na vida real.
Voltando a pergunta, reluto em adiar a resposta, que insistentemente teima aparecer caligrafada em seis letras: não sei.
Calma, nem tudo está perdido. Lembro que o tempo comigo mesma e o silêncio oferta muitas oportunidades para refletir e pontuar...
os porquês...

A falta de dinheiro, a falta de oportunidades, um azar irritante (porque não) frustração, desânimo. Por que será? Logo eu, que fui sempre tão feliz. Às vezes a vida dá solavancos. Até doenças entristecem, e até estas vem por um tempo me perseguindo. Mas é também um sentir-se tão substituível. E é aqui que dorzinha cutuca.
O não saber, desde quando nem até onde. Só perceber, que ela vem, e vai.

Ao sentir meu cão roncar sob meus pés, reparei que apesar de tudo ainda existe sorte. Sorte de a lua minguante já estar passando. Sorte de o fim de semana estar mais próximo e com ele, a promessa de amigos, distrações. Sorte ter mãe 24 horas por dia para dividir cafés e o que quer que seja.
Sorte, essa coisa de a vida ter pequenos momentos que nos lembrem que talvez sim, sejamos felizes apesar de tudo, apesar da tristeza melancólica de querer chorar em comerciais, porque afinal de contas, realização profissional, estar gorda, sentir-se inútil e carência afetiva não são o fim do mundo....
pelo menos, não podem ser!



"Tudo havia começado com a lua, a Lua, inacessível poema. 
Agora os homens haviam andado sobre ela, pegadas de borracha 
em uma pérola dos deuses. Talvez uma consciência maior da 
passagem do tempo (...). Às vezes eu tinha vontade de simplesmente 
levantar a mão e parar tudo. Mas parar tudo o quê? 
Talvez apenas parar de crescer". [Patti Smith]