terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu quero!

Eu quero, eu quero, eu quero e pronto! Eu tenho "querido" tanta coisa ultimamente que tenho percebido esse lado mimado da vida, de ficar querendo um zilhão de coisas. Parece que são tão difíceis de alcançar. E olha que esses meus desejos não são palpáveis (quer dizer, as vezes sim), não são materiais, não se compram no Imperatriz e nem em nenhum comércio desta localidade.
Eu quero sossego minha gente. Eu quero um final de semana inteiro com o celular desligado, quero dormir e acordar de conchinha nessa cabana. Quero erguer a cabeça e ver um marzão azul olhando pra mim. Eu quero friozinho gostoso pra tomar vinho na janela. Eu quero cafuné pra esquecer que tenho trezentas reportagens para fazer no trabalho e na faculdade. Eu quero risadas entre amigos pra esquecer do livro gigante que me espera. Eu quero compreensão. Quero que as pessoas me olhem e leiam o que diz este olhar. Quero andar devagar pela rua, sem pensar que em cinco minutos estarei atrasada. Quero minha carteira de motorista e um carro numa highway tocando todas as minhas músicas favoritas. Quero ir dormir as quatro da manhã e acordar as duas da tarde. Quero almoçar miojo e x-salada, sem me preocupar com os quilos a mais. Quero tomar cerveja com os amigos sem me preocupar com o horário de amanhã ou a possível ressaca. Eu quero festa boa todo dia, e namorado todo dia, e alegria todo dia. Eu quero realizar o meu atual sonho e quero que as pessoas apreciem ele também...
Eu quero...
Quero que querer seja poder, e assim seja, Em nome do pai, do filho, do espírito santo, AMÉM.


(Depois de 685 dias sem aparecer... voltei! Queria ter mais tempo para isso aqui),

segunda-feira, 11 de maio de 2009

- para a vazia tarde fria

"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também."



[Oswaldo Montenegro - Metade]