sexta-feira, 31 de julho de 2009

Hoje percebi há quanto tempo não apareço por aqui...
tempo tempo tempo, que passa mais rápido do que deveria, que me escorre pelas mãos, que foge de mim brincalhão.
Como hoje também, ele me falta, deixo aqui algumas palavras.

Felicitá

Se todos os astros do mundo num certo momento caíssem no chão
toda uma série de estrelas, de poeira descarregada dos céus
mas os céus sem os teus olhos já não brilharão.
Se todos os homens do mundo levantassem a cabeça e saíssem voando, sem explicação
sem a sua bagunça, seu doloroso barulho não pulsaria a terra, pobre coração.
Me falta sempre um elástico pra segurar as calças de modo que
as calças no momento mais belo me caem no chão.
Como um sonho acabado, talvez um sonho importante um amigo traído,
eu também já fui traído, mas isso é outra canção.
No escuro do céu, cabeças brancas peladas as nossas palavras se movem cansadas,
balbuciamos em vão Mas eu tenho gana de falar, de ficar escutando.
Fazer papel de bobo, seguir fazendo tudo o que me der na telha, ou não
Ah! felicidade Em que vagão de trem noturno viajarás?
Eu sei que passarás
Mas como estás com pressa não paras jamais
Seria o caso de nadar, sem esquentar a cabeça deixar-se levar pra dentro de dois olhos grandes azuis ou não
E no afã de libertá-los atravessar um mar medieval, enfrentar um dragão estrábico
mas dragões, oh, baby, já não existirão
Talvez por isso os sonhos são assim pálidos, brancos e exaustos se rebatem a
través das antenas de televisão e voltam pra nossas casas
trazidos por senhores elegantes latrinas falantes, todo mundo aplaudindo,
não querendo mais não
Porém se este mundo é mera cartolina então pra sermos felizes,
bastaria um nada; bastaria um fio de música, quiçá
Ou não seria o caso de tentar fechar os olhos?

Chico Buarque

sexta-feira, 3 de julho de 2009

-aquela coisa...

Mas meu coração tá feliz, e meu lado mulherzinha acordou suspirando mais que o normal. Ao abrir meus olhos vi um um sorriso preguiçoso para mim. E já basta.
Já basta pra dar aquela alegria de acordar junto, aquela alegria de abraço comprido e sincero, aquela alegria de borboleta no estômago, aquela alegria que às vezes dói um pouquinho de tão grande...
Aquela coisa boa de pé encostando em baixo da coberta, coisa boa de rir horrores por coisas pequenas, aquela coisa boa de paixão mesmo, que te controla e ás vezes domina e ás vezes consome e ás vezes não acaba nunca.
Aquela delícia de vinho e frio, aquela delícia de barba na nuca, delícia de muito cobertor enrolado, aquela delícia de beijo demorado.
Aquela coisa que te viciou sem perceber, aquela dose diária de sustento, aquilo que não sacia e te faz querer mais e mais e mais e mais e mais...