domingo, 15 de março de 2009

- para recomeçar.

E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros,
que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias,
que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos
com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado.
Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje
e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores,
e posteriores, e posteriores ainda.

[De Caio Fernando Abreu, 1973]

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